quarta-feira, 5 de março de 2014

A Alice e o Chapeleiro Maluco

Charles Lutwidge Dodgson que usava
o pseudônimo Lewis Carroll
Você já ouviu falar de Charles L. Dodgson, um professor de matemática que lecionou em 1800 na Universidade de Oxford?
Bem, e o famoso escritor Lewis Carroll autor de Alice no País das Maravilhas e Alice no País dos Espelhos?
Então, e se eu lhe disser que Charles e Lewis são a mesma pessoa!!!
Isso mesmo. Lewis Carroll ficou mundialmente conhecido após escrever as obras citadas acima. E acreditem, realmente existiu uma Alice na vida de Lewis Carroll. Em 1862, ao passear de barco com as meninas Alice, Edite e Lorina, filhas do reverendo Henry Liddell, reitor do Christ Church College, começou a criar a história "Alice no Pais das Maravilhas", publicada em 1865. Logo em seguida escreveu "Alice Através do Espelho", publicada em 1872, onde o tema é uma partida de xadrez e os personagens são as peças do jogo.

Cogumelo Amanita muscaria
Sabem-se que a maioria dos escritores criam suas obras a partir de suas vivências, como uma viagem feita, um livro lido, presenciar um acontecimento, é muito provável que a obra de Lewis Carroll também tenha sido baseada em alguns fatos que vivenciou como por exemplo a Rainha de Copas ter sido inspirada em sua viagem a Oxford ou o peixe falante de Carroll ter sido inspirado em um teatro ambulante chamado "O peixe falante".
Capa do livro de M.C. Cooke

Sabe-se também que Lewis leu um livro chamado A play and easy account of the British fungi de M.C. Cooke publicado em 1862 o que pode tê-lo inspirado o capítulo 5 do livro (Conversa com uma lagarta) na qual Alice encontra uma lagarta em cima de um cogumelo (parecido com o cogumelo alucinógeno Amanita muscaria) e toda aquela discussão toda de que se comer um lado do cogumelo a fará crescer e o outro lado a fará diminuir. Aliás, várias aventuras de Alice refletem os efeitos alucinógenos deste cogumelo, que na verdade é o cogumelo usado para ilustrar sues contos de fada.
De todos os personagens extravagantes do livro, há um em especial: O chapeleiro louco. O que tem a ver o chapeleiro ser louco?
Chapeleiro Maluco ou Chapeleiro Louco: Personagem de Carrol
em sua obra; Johnny Depp fez o papel deste na versão
para o cinema
Bem, tal personagem pode ter sido inspirado em uma famosa expressão inglesa "Mad as a hatter" (Louco como um chapeleiro). Na Inglaterra do início do século XX, fabricantes de chapéus ficavam expostos aos vapores de mercúrio metálico, utilizado no processo de feltração para atender aos padrões de elegância da época. Pois bem, com anos de exposição a estes vapores, os chapeleiros desenvolviam uma forma clínica de mercurialismo caracterizada por desenvolver distúrbios neurológicos. Esta exposição aos vapores de mercúrio metálico comprometia o sistema nervoso, e ainda distúrbios relacionados a motricidade, como tremor de pequena amplitude, paresias, disreflexia e dificuldade de coordenação motora.

Esta exposição aos vapores de mercúrio também foi palco dos garimpos pelo Brasil. Os garimpeiros usavam o mercúrio metálico para formar uma liga (amálgama) com o ouro para facilitar a extração deste. Posteriormente, o amálgama era aquecido para eliminar o mercúrio em forma de vapores que então era inalado pelos garimpeiros. E ainda, a contaminação de águas favorecia o surgimento de tal doença em adultos e crianças, uma vez que este mercúrio era encontrado nos peixes (na forma de metil-mercúrio que se forma com a interação deste com microorganismos) usados na alimentação de população ribeirinha.

Em casa, devemos estar atentos aos usos de lâmpadas e seus cuidados de manuseio. Sabe-se que há vários tipos de lâmpadas para iluminação doméstica, onde podemos diferenciá-las por conterem mercúrio, que são as lâmpadas fluorescentes (tubulares e compactas) e lâmpadas de descarga (mista, vapor de mercúrio, vapor de sódio e vapor metálico) e ainda as lâmpadas que não contêm mercúrio (lâmpadas incandescentes e halogenadas/dicróicas).
Tipos de lâmpadas residenciais: lâmpada incandescente, lâmpadas
fluorescentes tubulares e fluorescentes compactas 
Devemos descartar corretamente as lâmpadas fluorescentes, pois o descarte incorreto, além de causar acidentes, pode contaminar solo, água e até pessoas devido a exposição aos vapores de mercúrio se estas forem quebradas.

Tipos de lâmpadas de iluminação doméstica: lâmpada incandescente, fluorescentes tubulares e fluorescentes compactas.
Eu já presenciei algumas crianças e jovens utilizando estas lâmpadas para fazerem o famoso "cerol" ou "cortante". Elas quebram diversas lâmpadas dessas e ficam expostos aos vapores. Em casa, caso uma lâmpada dessa se quebre, recomenda-se abrir portas e janelas (arejar o ambiente) e deixar o local por um tempo.

Fica ai a dica!!!

Referências:
Schwarcz, J. Barbies, Bambolês e Bolas de Bilhar. Ed. Zahar
Carroll, L. Alice no País das Maravilhas. Ed. Zahar
Silveira, L. C. L.; Ventura, D. F.; Pinheiro, M. C. N.; Toxicidade Mercurial – Avaliação do sistema visual em indivíduos expostos a níveis tóxicos de mercúrio, Ciência e Cultura. vol.56 no.1, 2004.
Durão Junior, W. A.; Windwoller, C.C.A Questão do Mercúrio em Lâmpadas Fluorescentes. Química Nova Interativa.

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