Hoje, nós comemoramos o Dia do Trabalho! Vou tentar aqui fazer uma conexão entre este dia e a Química!!
Pois bem, todo e qualquer trabalhador deve receber por seus serviços prestados. É claro que, neste país, ainda há uma grande desigualdade ao salários dos brasileiros. Uns ganham muito trabalhando pouco e outros ganham pouco trabalhando muito. Sem falar no valor do salário mínimo, que como o próprio nome já diz...é mínimo!!
Mas nem sempre foi assim...nem sempre os serviços prestados eram pagos com dinheiro. Bem antes da invenção das moedas monetárias, a remuneração era paga com mercadorias, como carneiro, porco, pele de animais, e especiarias, como o sal.
A palavra salário, derivada do latim salarium, que significa "uma porção de sal". Na Roma Antiga, soldados eram remunerados, além de óleo, vinho, grãos, com porção de sal...Esta especiaria tornou-se tão importante que passou a designar todo e qualquer pagamento...daí a origem da palavra!! Este ainda já foi chamado de "ouro branco".
Mas de qual sal estamos nos referindo? Em química, sal designa uma classe específica de compostos inorgânicos. Podemos classificar, de forma geral, os compostos inorgânicos em quatro grupos: ácidos, bases, sais e óxidos.
O sal do qual estamos falando é o NaCl, chamado oficialmente de cloreto de sódio e conhecido popularmente como sal de cozinha. Pode-se dizer que a história do sal de cozinha é paralela à história da civilização humana. Esta substância é tão valorizada, tão necessária que, segundo Penny Le Couteur, foi um ator de grande relevo não só no comércio global como em sansões e monopólios econômicos, em guerras, no crescimento de cidades, nos sistemas de controle social e político, nos avanços industriais e na migração de populações.
Este composto é necessário à vida, sem ele morremos e mesmo assim temos que tomar cuidado no seu consumo, pois o exagero pode nos levar à morte.
O cloreto de sódio é um sólido iônico (formado por ligação iônica) que apresenta uma estrutura química relativamente simples. É um agregado regular, onde o cloro e o sódio estão unidos por interação eletrostática, formando uma estrutura cúbica de face centrada. Apresenta ponto de fusão de aproximadamente 800°C e densidade de 2,16 g/cm3. O químico suéco Svante Arrhenius foi o primeiro a propor, em 1887, a idéia de íons com cargas opostas como explicação para a estrutura e propriedades dos sais em solução aquosa o qual em 1903 Arrhenius foi laureado com o Prêmio Nobel de Química por sua teoria da dissociação eletrolítica.
O cloreto de sódio pode ser obtido de três maneiras: a evaporação da água do mar, da mineração do sal-gema e de fervura de água salgada de fontes. A evaporação da água do mar continua sendo o método mais comum de obtenção em regiões litorâneas tropicais, e mesmo sendo um processo lento é ainda mais barato. Embora a água do mar ser constituída de 3,5% de sais dissolvidos, dois terços deste são cloreto de sódio e o restante é uma mistura de sais, dentre os mais comuns o cloreto de magnésio, MgCl2 e o cloreto de cálcio CaCl2. Sendo estes dois últimos mais solúveis que o cloreto de sódio, eles podem ser separados por cristalização fracionada.
Uma curiosidade sobre este fato é o uso de arroz em saleiros. Muitos acreditam que o arroz absorve a umidade do ar ao invés do sal. Mas poucos sabem que o efeito do arroz no saleiro é mais um processo físico do que químico. O NaCl não é um sal higroscópico (absorve moléculas de água). Já o cloreto de magnésio sim. Geralmente este se apresenta com seis moléculas de água MgCl2.6H2O. Dependendo do processo de obtenção e os cuidados no procedimento, uma certa quantidade deste sal fica misturado ao cloreto de sódio, já que os dois são sólidos brancos. Ao absorver moléculas de água os cristais aumentam seu volume o que faz com os orifícios do saleiro sejam obstruídos. O arroz, por sua vez, faz o papel de um triturador. Ao se agitar o saleiro, os grãos de arroz trituram os cristais, diminuindo seu tamanho e assim fluindo pelo orifício.
Outras substâncias importantes são obtidas a partir do cloreto de sódio, como é o caso o gás cloro obtido por meio da eletrólise do NaCl em solução aquosa que é utilizado na produção de pesticidas, polímeros e fármacos. Deste processo ainda obtém-se o hidróxido de sódio (NaOH), importante na indústria química.
De conto de fadas a parábolas bíblicas, de mitos populares a lendas, diversas sociedades nos contam histórias sobre o sal. Este é utilizados em cerimônias, rituais, simboliza a hospitalidade e a boa fortuna e espanta a má sorte. E seu papel na cultura humana não se restringe somente às suas propriedades físicas e químicas, mas também na linguagem, como o própria palavra salário. Temos ainda a salada (temperada com sal), sauce, salsa, sausage e salame provém de origem latina. E não podemos nos esquecer das metáforas sobre esta substância: "sal da terra", "preço salgado" e "sem sal".
Quem diria que seu salário escondesse tantas informações químicas!!
Referências:
Couteur, P. L.; Burreson, J. Os botões de Napoleão. As 17 moléculas que mudaram a história. Ed.Zahar, 2006
O sal do qual estamos falando é o NaCl, chamado oficialmente de cloreto de sódio e conhecido popularmente como sal de cozinha. Pode-se dizer que a história do sal de cozinha é paralela à história da civilização humana. Esta substância é tão valorizada, tão necessária que, segundo Penny Le Couteur, foi um ator de grande relevo não só no comércio global como em sansões e monopólios econômicos, em guerras, no crescimento de cidades, nos sistemas de controle social e político, nos avanços industriais e na migração de populações.
Estrutura cristalina do NaCl. As esferas verdes representam os átomos de cloro e as esferas roxos átomos de sódio |
O cloreto de sódio é um sólido iônico (formado por ligação iônica) que apresenta uma estrutura química relativamente simples. É um agregado regular, onde o cloro e o sódio estão unidos por interação eletrostática, formando uma estrutura cúbica de face centrada. Apresenta ponto de fusão de aproximadamente 800°C e densidade de 2,16 g/cm3. O químico suéco Svante Arrhenius foi o primeiro a propor, em 1887, a idéia de íons com cargas opostas como explicação para a estrutura e propriedades dos sais em solução aquosa o qual em 1903 Arrhenius foi laureado com o Prêmio Nobel de Química por sua teoria da dissociação eletrolítica.
O cloreto de sódio pode ser obtido de três maneiras: a evaporação da água do mar, da mineração do sal-gema e de fervura de água salgada de fontes. A evaporação da água do mar continua sendo o método mais comum de obtenção em regiões litorâneas tropicais, e mesmo sendo um processo lento é ainda mais barato. Embora a água do mar ser constituída de 3,5% de sais dissolvidos, dois terços deste são cloreto de sódio e o restante é uma mistura de sais, dentre os mais comuns o cloreto de magnésio, MgCl2 e o cloreto de cálcio CaCl2. Sendo estes dois últimos mais solúveis que o cloreto de sódio, eles podem ser separados por cristalização fracionada.
O arroz no saleiro tem a função de triturar os grãos de sais para que passem pelo orifício |
Uma curiosidade sobre este fato é o uso de arroz em saleiros. Muitos acreditam que o arroz absorve a umidade do ar ao invés do sal. Mas poucos sabem que o efeito do arroz no saleiro é mais um processo físico do que químico. O NaCl não é um sal higroscópico (absorve moléculas de água). Já o cloreto de magnésio sim. Geralmente este se apresenta com seis moléculas de água MgCl2.6H2O. Dependendo do processo de obtenção e os cuidados no procedimento, uma certa quantidade deste sal fica misturado ao cloreto de sódio, já que os dois são sólidos brancos. Ao absorver moléculas de água os cristais aumentam seu volume o que faz com os orifícios do saleiro sejam obstruídos. O arroz, por sua vez, faz o papel de um triturador. Ao se agitar o saleiro, os grãos de arroz trituram os cristais, diminuindo seu tamanho e assim fluindo pelo orifício.
Outras substâncias importantes são obtidas a partir do cloreto de sódio, como é o caso o gás cloro obtido por meio da eletrólise do NaCl em solução aquosa que é utilizado na produção de pesticidas, polímeros e fármacos. Deste processo ainda obtém-se o hidróxido de sódio (NaOH), importante na indústria química.
De conto de fadas a parábolas bíblicas, de mitos populares a lendas, diversas sociedades nos contam histórias sobre o sal. Este é utilizados em cerimônias, rituais, simboliza a hospitalidade e a boa fortuna e espanta a má sorte. E seu papel na cultura humana não se restringe somente às suas propriedades físicas e químicas, mas também na linguagem, como o própria palavra salário. Temos ainda a salada (temperada com sal), sauce, salsa, sausage e salame provém de origem latina. E não podemos nos esquecer das metáforas sobre esta substância: "sal da terra", "preço salgado" e "sem sal".
Quem diria que seu salário escondesse tantas informações químicas!!
Referências:
Couteur, P. L.; Burreson, J. Os botões de Napoleão. As 17 moléculas que mudaram a história. Ed.Zahar, 2006
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